Cultura

Coletivo mala voadora celebra 15 anos e cinco de trabalho artístico no Porto

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Parthenon Marbles (foto: José Caldeira)

A companhia mala voadora celebra este mês 15 anos de atividade e cinco de espaço aberto na cidade do Porto. O balanço é positivo e a vontade de inovar e de arriscar mantém-se como uma das características que o coletivo mais preza.

"O balanço, antes de mais, é positivo. Temos uma boa relação, e orgulho, no trabalho que desenvolvemos até aqui. Do ponto de vista artístico, há alguns pressupostos que conseguimos perseguir e que continuam muito presentes", disse à Lusa José Capela, que dirige a estrutura desde a fundação, em 2003, com Jorge Andrade.

Os "pressupostos" artísticos que os fundadores da mala voadora continuam a perseguir prendem-se com a vontade de "reequacionar o modo de fazer um espetáculo a cada novo projeto", o que foi acontecendo à medida que dialogavam com texto dramático, textos 'ready made', mas também com a produção de bibelôs, discursos ou outros objetos.

"Essa vontade de fazer coisas de forma diferente mantém-se viva, e é o fio condutor da companhia", resume, acrescentando que esta lógica acontece não só com a criação, como também na programação que desenvolvem no espaço do Porto.

A título de exemplo, a peça "White Rabbit, Red Rabbit", um original e arrojado projeto de improvisação performativa sobre um texto que deu já a volta ao mundo. Iniciou-se em janeiro e vai terminar em dezembro. Conta com o apoio da Câmara do Porto através do programa Criatório.

A propósito, está marcada a 11.ª sessão para esta quinta-feira, às 22 horas (Rua do Almada, 277).

Fundada em 2003 por Jorge Andrade e José Capela, atuais diretores artísticos, a companhia estreou-se com "Credores", a primeira de uma trilogia de peças do dramaturgo sueco August Strindberg, no âmbito da programação de Coimbra - Capital Nacional de Cultura.

Desde então, seguiram-se dezenas de espetáculos próprios, quase todos encenados por Jorge Andrade, com vários trabalhos premiados, incluindo um prémio da Sociedade Portuguesa de Autores por "Moçambique" (2016).

Se o caminho "foi lento" no campo institucional, há uma nota positiva no ano de 15.º aniversário, uma vez que a companhia foi a mais bem pontuada no concurso da Direção-Geral das Artes, sendo apoiada pela primeira vez num plano quadrianual, na "primeira vez que o júri teve coragem de apresentar resultados que não parecem um escalonamento das companhias por ordem de idade".

"Mas isso não chega. A discussão vai sempre parar ao mesmo sítio, que é o peso da Cultura no Orçamento de Estado", afirmou José Capela.

Em 2013, chegaram à rua do Almada, no Porto, que se tornou, também, casa de acolhimento de criações de outras companhias e artistas, além de receber residências artísticas e o programa anual "Uma Família Inglesa", que traz a Portugal vários trabalhos de artistas britânicos.

Também na cidade que os acolheu têm coapresentado espetáculos com o Teatro Municipal do Porto, de que é exemplo o "Amazónia" e, muito recentemente, envolveram-se na programação do Fórum do Futuro, tendo oferecido a sua casa para um almoço-palestra
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Depois de 15 anos em que passaram por palcos em países como Alemanha, Brasil, Escócia, Estados Unidos, França, Inglaterra, Polónia ou Líbano, além de períodos de colaboração prolíficos com artistas de vários países, sobretudo ingleses, o foco continua em "colaborar com outras pessoas".