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Cinema Batalha reabre daqui a 2 anos e traz uma visão de futuro à cidade

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Custos, projeto de arquitetura e estratégia programática para a recuperação da velha sala de cinema foram hoje apresentados pelo presidente da Câmara do Porto, que aproveitou para esclarecer alguns dos próximos passos da estratégia cultural do município, nomeadamente os relacionados com a nova empresa Porto Cultura que irá gerir aquele espaço. Cumpridos os trâmites processuais, as obras de reabilitação do Cinema Batalha devem ter início dentro de um ano e a sala estará em condições de reabrir no verão de 2019.

As datas foram hoje avançadas por Rui Moreira que, em conferência de imprensa sobre o palco do cinema, avançou também os custos estimados para as obras (cerca de dois milhões de euros), equipamento e mobiliário (500 mil euros), funcionamento, manutenção e recursos humanos (550 mil euros anuais) e programação (250 mil euros anuais).

A propósito do "Batalha" e da recente aprovação camarária de criar a empresa municipal Porto Cultura, que irá gerir este e alguns outros equipamentos e projetos municipais da área cultural, Rui Moreira explicou que "ao contrário do que alguns disseram já", a estrutura da empresa envolverá apenas 136 pessoas, das quais 80 pertencem já à Câmara, pelo que não haverá lugar a multiplicação de encargos ou outros custos. Além de que, ao ser possível aproveitar recursos internos do município, evita-se a única alternativa que seria a sua externalização e consequentes maiores encargos, segundo escalpelizou. 

O autarca apontou, por outro lado, que esta "intervenção num edifício patrimonial tão importante" corresponde a uma estratégia que assenta em três eixos: "conhecimento, inovação e memória". Ou seja, a reabilitação servirá para ajudar a levantar "um projeto cultural e programático" do município, que começará em breve a ser preparado por uma equipa de 18 pessoas e terá em particular linha de conta uma "questão fulcral: o serviço educativo".

As linhas gerais foram explicadas pelo adjunto para a Cultura, Guilherme Blanc, que afirmou ser objetivo fazer do Cinema Batalha "não apenas mais um cinema, mas um equipamento cultural, espaço de convívio e de diversão através do cinema". Ou seja, assumirá "um papel potenciador e complementar à dinâmica cultural da cidade, contemplando várias estéticas".

Dentro desse plano, o "Batalha" irá contribuir para "a cidade estabelecer uma relação com o cinema, promovendo o conhecimento da história deste em diferentes formatos, tanto analógico como digital, e saindo do circuito comercial ou dos festivais já existentes".

Segundo Guilherme Blanc, "promover o estudo, a investigação e a reflexão em torno do cinema" serão prioridades do 'novo' Cinema Batalha.

Uma visão de futuro e um ato de cidadania

Para tal, o edifício vai sofrer uma grande intervenção em que a vertente da arquitetura assume grande preponderância, sendo a responsabilidade do arquiteto Alexandre Alves Costa e do Atelier 15 Arquitectura.

Já com trabalhos preparatórios em curso, Alexandre Alves Costa revelou que, não obstante "o compromisso ser com o caderno de encargos e as condicionantes da existência de uma estrutura de importância cultural que deve ser preservada", não serão aplicadas "soluções tímidas" pois "a arquitetura é dinâmica". Isto é, "não interessa aqui restaurar na perspetiva museológica, mas de forma integrada e de continuidade".

De resto, o presidente da Câmara frisou que, sem saudosismos, será recuperada - essa sim - a visão original do Cinema Batalha: "uma visão de futuro".

Assim, um dos pormenores que ressalta da exposição feita pelo arquiteto Alves Costa é a destruição da Sala Bebé, que dará lugar a uma sala polivalente com bar e outras valências sociais. No entanto, o espírito da carismática Sala Bebé será transferido para uma "sala tipo 'caixa' que vamos construir na parte posterior do segundo balcão - que é demasiado grande - e onde nascerá uma sala-estúdio com capacidade para cerca de 150 pessoas". A plateia deverá manter os 346 lugares e a tribuna os 222.

Uma segunda sala de projeção faz, portanto, também parte das novidades, assim como o provável aproveitamento do terraço do edifício e respetivas vistas sobre a cidade e, ainda, a instalação de um elevador, por forma a contemplar a acessibilidade a cidadãos com mobilidade reduzida.

Ainda assim, "vamos manter a fluidez espacial que é uma das muitas coisas bonitas deste cinema", garantiu Alexandre Alves Costa, para quem "esta intervenção corresponde a um ato de cidadania".