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Campanhã gostou muito de Joana Gama a tocar piano e contar histórias sobre Satie

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Foi com música erudita explicada de forma acessível, desenhos e pinturas atraentes, histórias curiosas, humor e talento musical que a pianista Joana Gama e o Cultura em Expansão encheram o espaço da Associação Recreativa Malmequeres de Noêda, no passado sábado. 

Exatamente um ano após ali ter levado o improvável dueto de Filho da Mãe e João Pais Filipe, o programa municipal voltou a encher o espaço da associação, na Travessa de Miraflor, com um público onde se incluíam muitas crianças.
E, não obstante o repertório focar a música do compositor Erik Satie (1866-1925), a pianista Joana Gama prendeu as atenções dos mais novos e de outros menos conhecedores, desde logo contando histórias divertidas (a vida do excêntrico Satie a isso se presta) e relacionadas com o compositor, bem como com desenhos alusivos à obra do compositor e aos temas apresentados. 

O formato da sessão permitiu chegar a novos públicos e pôr a assistência a partilhar do sentimento de Joana Gama que constituía o nome do evento: "Eu gosto muito do Senhor Satie". Também nesse sentido, este momento do Cultura em Expansão (que já apresentou no mesmo local B Fachada ou o Quarteto de Cordas de Matosinhos) terminou com o público, sobretudo o infantil, a colocar questões sobre Satie e sobre a própria Joana Gama.

Veja aqui um pequeno vídeo com o formato do curioso evento apresentado no passado sábado.

Joana Gama


A pianista tem-se desdobrado em múltiplos projetos, quer a solo quer em colaborações nas áreas do cinema, da dança, do teatro, da fotografia e da música. Vencedora do Prémio Jovens Músicos em 2008, no concerto dos laureados tocou a solo com a Orquestra Gulbenkian na Casa da Música. Em 2017, defendeu a tese de doutoramento "Estudos Interpretativos sobre música portuguesa contemporânea para piano: o caso particular da música evocativa de elementos culturais portugueses" na Universidade de Évora, como bolseira da FCT, e em Setembro passou a integrar o corpo docente do Departamento de Música da Universidade do Minho. Ainda em 2017, estreou dois projetos: Nocturno, uma cocriação com Victor Hugo Pontes e música original de João Godinho, e at the still point of the turning world, uma colaboração do duo de piano e eletrónica partilhado com Luís Fernandes, com a Orquestra de Guimarães, que terá uma edição discográfica em 2018.

Em 2016, com o apoio da Antena 2, Joana Gama dedicou-se a SATIE.150 - Uma celebração em forma de guarda-chuva, que assinalou em Portugal os 150 anos do nascimento do compositor francês. Nesse âmbito, além dos recitais, realizou palestras em escolas e coordenou o livro "Embryons dessechés | Embriões ressequidos", uma edição especial da partitura homónima de Satie, lançada pela Pianola Editores no dia do aniversário do compositor. A 8 de Julho de 2016 fez uma performance ininterrupta, com a duração de 15 horas, da peça "Vexations" de Erik Satie no Festival Jardins Efémeros, em Viseu. Em Dezembro, lançou o disco HARMONIES (Shhpuma), projeto partilhado com Luís Fernandes na eletrónica e Ricardo Jacinto no violoncelo, inspirado na música e no universo fantástico de Erik Satie. O corolário das celebrações aconteceu recentemente com o lançamento do disco SATIE.150, uma edição apoiada pela Fundação GDA, com o selo da Pianola Editores. 

Joana Gama é membro fundador do CAAA - Centro para os Assuntos de Artes e Arquitectura (Guimarães) e d'O Homem do Saco, ateliê de tipografia e edições.

"Eu gosto muito do Senhor Satie - Joana Gama, piano & histórias" foi o segundo evento deste ano do Cultura em Expansão e integra o novo projeto "fala-me ao ouvido", inaugurado por António Pinho Vargas. Com o "fala-me ao ouvido", o Cultura em Expansão 2018 pretende dar a conhecer um outro lado da música com concertos comentados pelos próprios músicos, divulgando histórias e detalhes pouco conhecidos e cobrindo os mais variados géneros musicais.