Cultura

Câmara restaura património nos jazigos de Chardron e do general Brito Cabreira

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Continuando a missão de conservar e preservar o património existente nos cemitérios municipais, a Câmara do Porto promoveu o restauro de dois jazigos emblemáticos que nunca antes tinham sido objeto de trabalhos de conservação.

No Cemitério de Agramonte, a intervenção beneficiou o Jazigo 123 da 7.ª Secção, onde se encontram os restos mortais de Ernest Chardron (1840-1885), instituído em 1879. Já no Cemitério do Prado do Repouso, a escolha recaiu sobre o Jazigo 197 da 16.ª Secção, instituído em 1869, onde se encontra sepultado Sebastião Drago Valente de Brito Cabreira (1763-1833).

Ernest Chardron, cidadão francês, livreiro e editor, fixou-se na cidade do Porto, onde fundou em 1869 a Livraria Internacional, na Rua dos Clérigos, tendo editado alguns dos principais autores portugueses, como Eça de Queirós e Camilo Castelo Branco.

Entretanto, em 1881, José Pinto de Sousa Lello abria na Rua do Almada um estabelecimento que se dedicava ao comércio e edição de livros. Após o falecimento de Ernest Chardron, em 1885 com 45 anos de idade, a casa-editora foi vendida à firma "Lugan & Genelioux, Sucessores", ficando pouco depois apenas com Mathieux Lugan como seu único proprietário. Em 1891, a Livraria Chardron continuou a sua expansão adquirindo os fundos de três casas livreiras do Porto.

Em 1894, Mathieux Lugan vendeu a antiga Livraria Chardron a José Pinto de Sousa Lello que, associado ao seu irmão António Lello, manteve a Chardron. Em 1906, foi inaugurado o novo edifício da Livraria Lello, na Rua das Carmelitas, mantendo até aos nossos dias a inscrição a ouro "Livraria Chardron", no vidro sobre a porta principal.

Quanto a Sebastião Drago Valente de Brito Cabreira (1763-1833), bacharel formado em matemática pela Universidade de Coimbra, foi general de brigada de artilharia, Exército Liberal, comandado por D. Pedro IV; governador das Armas do Algarve, e depois das dos Açores; comendador das ordens de Torre e Espada, e de S. Bento de Avis, etc. 

Nasceu em Faro em 1763 e faleceu no Porto em 1833. Era filho de José Cabreira de Brito e Alvelos Drago Valente de Faria Pereira, fidalgo da Casa Real, sargento-mor da comarca de Faro, e de sua mulher, D. Isabel das Urdes Barreto. Irmão de Diocleciano Leão Cabreira, Barão de Faro e pai do primeiro e único barão de Nossa Senhora da Vitória da Batalha (Sebastião Francisco Severo Drago Valente de Brito Correia de Lacerda Green Cabreira).

O jazigo de Sebastião Drago Valente de Brito Cabreira é um dos exemplos mais significativos da carga simbológica, passível de ser inscrita num monumento funerário: Fogaréu, no topo; o bicorne de General, aos pés; Pedra de Armas; espada, canhões cruzados e balas, corneta, baioneta e machado.