Ambiente

Câmara elimina químico perigoso

  • Notícia

    Notícia

#fabio_herbicidas.jpg

Fábio Reis

Em março de 2015, a Agência Internacional para a Investigação Contra o Cancro (AIIC) da Organização Mundial
de Saúde (OMS) classificou o pesticida glifosato como "cancerígeno provável
para o ser humano". Nesse mesmo mês, a autarquia do Porto interrompeu
definitivamente a utilização desse produto no controlo de plantas invasoras,
passando a utilizar a monda mecânica nos arruamentos, parques, jardins e
terrenos da cidade.


O glifosato é um pesticida
sistémico não seletivo, ou seja, significa que mata qualquer tipo de planta.
Segundo dados disponibilizados pela Quercus, em 2012, foram utilizadas, em Portugal, 1400 toneladas deste
pesticida, com fins agrícolas. Entre 2002 e 2012, o uso do glifosato na
agricultura mais do que duplicou.


 


Face a estas informações, tendo em
vista a saúde pública e uma prática ambiental sustentável, os serviços de ambiente da Câmara do Porto deixaram de usar qualquer
tipo de herbicida químico para o controlo de plantas invasoras (ou
potencialmente invasoras).


 


Este controlo, obrigatório por lei, está agora,
maioritariamente, dependente dos recursos humanos disponíveis, devidamente
apetrechados com meios mecânicos, assim como, com a utilização pontual de
alguns compostos de origem orgânica (produtos autorizados, que seguem as
indicações apresentadas pela Direção Geral de Alimentação e Veterinária, que
resultam do sistema de homologação em vigor, que tem como suporte jurídico base
o Decreto-Lei nº 94/98 de 15 de abril.


 


Desta forma, a monda química (através da utilização do
produto glifosato) deu lugar à monda mecânica, que substituiu a aplicação de
fitofármacos.


 


Para tornar este trabalho mais célere e menos árduo para os
trabalhadores, recorre-se a equipamentos mecânicos para eliminar as ervas
daninhas. A monda mecânica pode ser executada através de: homem com motorroçadora (mais versátil, usa-se essencialmente na
limpeza de arruamentos, mas, também, nos terrenos em que o trator está
impossibilitado de intervir); trator
com braço triturador acoplado (utiliza-se essencialmente em taludes ou
terrenos com forte inclinação); trator
com capinadeira acoplado (utilizado em terrenos sem grande desnível e sem
terras soltas).


 


Para além dos benefícios para a saúde pública, a prática dos
serviços ambientais do município portuense apresenta, também, resultados ao
nível dos índices de reciclagem, participando naquilo a que se pode chamar de
"Economia Circular dos Resíduos". Ou
seja, os resíduos vegetais produzidos na limpeza dos arruamentos são
recolhidos e transportados para o ecocentro, para depois serem encaminhados para
a Central de Valorização Orgânica (CVO) da LIPOR.


 


A CVO da LIPOR tem capacidade para valorizar 60 mil
toneladas/ano de matéria orgânica proveniente da recolha seletiva de resíduos
biodegradáveis (resíduos alimentares e resíduos vegetais), o que se traduz numa
produção de cerca de 15 mil toneladas/ano de corretivo orgânico de alta
qualidade, um composto para utilização na agricultura, com o nome comercial
"Nutrimais".