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Câmara compra Teatro Sá da Bandeira que estava em risco de ir parar ao mercado imobiliário do turismo

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A Câmara do Porto vai exercer o direito de preferência sobre o edifício do Teatro Sá da Bandeira. O imóvel estava para ser transacionado entre os seus atuais proprietários privados e um comprador privado e poderia vir a ser descaracterizado ou usado para outros fins, nomeadamente para o mercado imobiliário do turismo, deixando de ser um palco. A autarquia liderada por Rui Moreira decidiu, por isso, adquiri-lo, através de um instrumento legal que permite à Câmara substituir-se ao comprador e adquirir pelo mesmo preço.

A proposta terá ainda que ser aprovada na próxima reunião de
executivo, na próxima sessão da Assembleia Municipal e ser submetida a visto
prévio do Tribunal de Contas. O valor da transação é de 2,1 milhões de euros,
valor considerado normal pelas avaliações da autarquia.


O direito de preferência tem vindo a ser usado pelo executivo de Rui Moreira por forma a adquirir para o património municipal
edifícios que a autarquia considere de interesse para fazer regressar à baixa
habitantes em regime de habitação social. Contudo, nunca um edifício de
carácter histórico ou de interesse cultural tinha estado nas condições de ser
adquirido pela autarquia através deste instrumento. A autarquia apenas pode exercer o direito de preferência em zonas de proteção do Centro Histórico do Porto.


A Câmara do Porto receava que, ao ser vendido e não estando
o comprador obrigado a manter a função, o Teatro Sá da Bandeira se perdesse
para sempre. O edifício será, por isso, mantido como teatro e englobado na rede
de equipamentos culturais municipais da cidade.


As primeiras referências a um teatro naquele lugar, datam de
Agosto de 1855, quando foi inaugurado como Teatro Circo, um barracão de
madeira, mandado construir por D. José Toudon Ferrer Catalon para a sua
companhia equestre.


Em 1867 foi demolido para se fazer outro de pedra e cal, por
sua vez substituído, dez anos depois, pelo edifício que chegou até aos nossos
dias. Até à abertura da rua Sá da Bandeira, em finais da década 1870, quando
foi construída a sua fachada para aquela rua, o teatro tinha acesso apenas pela
então rua de Santo António, por umas escadas que ainda existem. Por essa altura
passou a chamar-se Teatro-Circo do Príncipe Real.


Em Outubro de 1910 (uma semana depois da implantação da
República) o nome de Teatro do Príncipe Real foi substituído por Teatro Sá da
Bandeira.


Ao longo do Século XX e já este Século, o edifício teve
utilizações diversas, mas nunca deixou de ser um palco da cidade. Atualmente
era sobretudo usado para exibição de peças de teatro dirigido ao grande
público.