Urbanismo

Arquiteto Souto Moura apresentou em reunião de Câmara o projeto para a Estação de São Bento

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O arquiteto Souto Moura aceitou o convite de Rui Moreira e marcou presença na reunião de Executivo desta manhã para revelar o projeto que está a desenvolver para a Estação de São Bento, encomendado pela empresa Time Out. Após a apresentação pormenorizada do especialista, o presidente da Câmara do Porto declarou que não se irá opor ao projeto. 

Embora o Município não tenha, obrigatoriamente, que se pronunciar sobre o novo projeto para a Estação de São Bento - cujo processo está sob alçada da Porto Vivo-SRU e sobre o qual a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) já solicitou parecer à UNESCO - Rui Moreira entendeu que, tratando-se de um assunto "que tem criado alguma contestação e polémica", fazia todo o sentido ouvir, de viva voz, Eduardo Souto Moura apresentar os planos que tem para a ala sul da icónica estação ferroviária.

Para o autarca, que falou já após a apresentação do arquiteto, "seria uma pena daqui a 100 anos sermos julgados por não termos sido capazes de deixar uma obra de relevo de um prémio Pritzker no Porto, quando hoje temos na cidade arquitetos como Souto Moura ou Siza Vieira". Por isso, afirmou ser "inteiramente favorável ao projeto" e confirmou que não vai, enquanto presidente da Câmara, colocar qualquer objeção à sua execução, pois defende que esta é uma oportunidade para o setor privado "fazer aquilo que o público não deixa fazer".

Aludia Rui Moreira à "visão utilitária da arquitetura" por parte do Estado que, entre a obrigatoriedade dos concursos públicos e o intrincado de normas que deles emana, prejudica, não raras vezes, as intervenções arquitetónicas que são da responsabilidade das autarquias.

Mais ainda, entende o presidente da Câmara do Porto que é importante que se discuta a cidade e se debatam assuntos como este, mas, na sua opinião, "não podemos entrar num modelo de gosto de vereadores que discutem projetos".

Em contraponto à atual situação que está a decorrer com normalidade, recordou a má condução, no passado, do primeiro projeto previsto para a Estação de São Bento, anunciado em 2016 sem qualquer conhecimento prévio do Município. "O IP - Infraestruturas de Portugal esqueceu-se completamente da Câmara Municipal do Porto", mesmo quando, fez notar, as duas entidades haviam estado em sintonia na dinamização da zona envolvente à Estação, incluindo a Rua da Madeira, com o projeto LOCOMOTIVA.

Para este novo projeto, Rui Moreira não descarta possibilidade de se equacionar uma "ligação transversal à Rua 31 de janeiro", uma solução que alie os interesses do público e do privado.

Projeto de Souto Moura harmoniza área sul da estação para atividades de restauração e projetos culturais 

O arquiteto Souto Moura aceitou por cortesia o convite do presidente da Câmara e até considerou "que deveria ser um hábito na cidade a discussão de projetos públicos".

Na verdade, reconheceu que a Time Out fez um primeiro projeto, "que foi mal recebido" e que ele próprio não gostou. Quando o promotor procurou a sua ajuda, aceitou fazer um novo projeto, mas disse que o mesmo teria de estar de acordo com as suas regras.

Após uma observação exaustiva da área sul da Estação de São Bento - onde a maior parte dos armazéns estão votados ao abandono e a rua não tem saída - concluiu que havia de aproveitar as potencialidades da envolvente. Além disso, considerou, "esta área tem uma vista lindíssima em diafragma, que vai do morro de São Bento aos Clérigos".

No projeto, toda a atividade, essencialmente de restauração, vai desenvolver-se em torno da praça longitudinal da Rua da Madeira. A torre, inicialmente prevista ter 18 metros, vai ser adaptada para 21 metros, informou o arquiteto, que retificou também que terá apenas um piso no topo, onde se localizará o bar/restaurante, com "a torre dos Clérigos como pano de fundo". Os escritórios da Time Out ficarão atrás da torre.

Haverá ainda esplanadas que poderão ter telhados aquecidos, tal como acontece em Paris, e estão previstas todas as condições de acesso a pessoas com mobilidade reduzida.

Por fim, as atividades culturais, "como pequenos concertos de jazz", também podem ter lugar ao longo da praça.