Ambiente

Apresentado o projeto do novo pulmão verde que vai nascer no Parque da Asprela

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Estima-se que esteja pronto no primeiro semestre de 2020 o novo pulmão verde da cidade. O Parque Central da Asprela está a ser projetado por uma equipa de especialistas que encaram o grande desafio do controlo hidrográfico da Ribeira da Asprela e todas as outras ribeiras circundantes como uma oportunidade para criar um espaço paisagístico único no Porto, aprazível não só para fruição da população, mas também como solução de atravessamento (pedonal ou ciclável) para a comunidade académica que, diariamente, estuda e trabalha nesta zona da cidade.

É "um dos grandes projetos da Câmara do Porto em termos da estratégia municipal para as alterações climáticas", anunciou esta manhã o vice-presidente da Câmara do Porto, Filipe Araújo, também vereador da Inovação e Ambiente, que salientou que a obra do futuro do Parque Central da Asprela, que se implantará nos terrenos atualmente abandonados na confinante existente entre a UPTEC e a Faculdade de Desporto, "personifica uma alteração de base natural" que está a ser adotada noutros projetos, de que é exemplo a requalificação do Rio Tinto.

Neste projeto, junta-se ao Município a Universidade do Porto (proprietária do terreno) e o Politécnico do Porto. Cerca de 60% do investimento, adiantou o vice-presidente da Câmara do Porto, é assegurado pelo Fundo Ambiental do Ministério do Ambiente (o correspondente a 1 milhão de euros). No total, estima-se que a obra custe cerca de 1,7 milhões de euros.

Como desígnio, pretende-se "criar uma nova área verde para aquela população", tendo em conta que "naquela zona passam diariamente dezenas de milhares de pessoas", destacou Filipe Araújo em relação ao projeto que prevê um acréscimo substancial das espécies arbóreas, o tratamento de ribeiras e a requalificação do espaço público.

Que intervenções vão ser feitas

Paulo Farinha Marques, coordenador da vasta equipa multidisciplinar que está desenvolver o projeto (arquitetos paisagistas, arquitetos e engenheiros civis, também especialistas na área hidrográfica), esteve na reunião de Executivo realizada hoje e fez uma apresentação detalhada sobre o futuro Parque Central da Asprela. A primeira fase da obra vai incidir sobre o espaço conhecido como o Parque Quinta das Lamas, na zona nascente da Asprela, referiu.

Detalhadamente, nestes perto de 23.000 m2 de área, a maior parte "inacessível e abandonada", irá proceder-se à reabilitação da Ribeira da Manga, colocando-a "a céu aberto", o que representará "um desafio para a Águas do Porto, gestora deste espaço", admite o também professor da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

Nesta zona está prevista a inclusão de uma rua, que já estava consignada no PDM - Plano Diretor Municipal. Igualmente, será tido em conta o controlo de cheias, através de bacias de retenção de água, por forma a que toda a água da chuva que cair no parque seja localmente infiltrada. Aguarda-se a plantação de 523 árvores, num total de 25 espécies diferentes, o que também contribuirá para estimular a biodiversidade do local e dotar o espaço verde de sentido estético.

Procurando que todo o campus universitário se ligue através do plano geral do futuro Parque Central da Asprela, numa segunda fase de intervenção, especificamente nesta zona, destaque para a "renaturalização das ribeiras, sobretudo com a estabilização do seu leito". Com efeito, através da modelação do terreno será possível reter 10.000 m3 de água, após o estudo das melhores soluções de escoamento semi-natural. O resultado final, acredita Paulo Farinha Marques, vai "constituir fruição, integração paisagística e beneficiação ao nível da biodiversidade".

Como avançou, um dos grandes desafios será "a construção de um pequeno dique, de modo a que possa encaixar as águas em cheia centenária", o que significa atrasar o seu escoamento, impedindo igualmente que o curso de água entre no túnel do metro e vá desaguar no Campo 24 de Agosto.

"As ribeiras serão as estrelas deste parque", afirmou, adiantado a construção de caminhos, passadiços e pequenas de pontes circulação universal (pedonais, cicláveis e adaptadas a cidadãos com mobilidade reduzida).

Embora não tenha sido elegível a financiamento, também está prevista a construção de um café, perfeitamente enquadrado com o espaço, garantiu.

A área total do Parque Central da Asprela será superior a 60.000 m2 e terá mais de 54.700 m2 de áreas verdes, prevendo-se que a permeabilidade atinja os 91%, considerando-se as 754 árvores que o espaço verde terá.

No final da apresentação, Manuel Pizarro, vereador do PS, aplaudiu o projeto, que será gerido pela empresa municipal Águas do Porto. "Ele [o projeto] está certo sob todos os pontos de vista", disse, saudando ainda o ministro do Ambiente pelo facto de ter disponibilizado verbas do Fundo Ambiental para a sua concretização.

Por seu turno, Ilda Figueiredo, da CDU, embora defendendo que há outras zonas a necessitar de atenção, congratulou-se com o projeto. "É um exemplo do que queremos para a cidade do Porto", declarou.