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Apelo contra o nuclear celebra os 40 anos da geminação Porto-Nagasaki

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Amizade, paz e cooperação foram os três vetores repetidos na cerimónia de inauguração da exposição "Bomba Atómica - Hiroxima e Nagasaki", que está desde hoje patente ao público no átrio da Câmara do Porto. Longe de ser uma mostra de horrores, a exposição assinala os 40 anos da geminação Porto-Nagasaki, mas tem também como objetivo não deixar esquecer e até ensinar aos mais jovens o que é uma bomba atómica e quais são os terríveis efeitos da energia nuclear.

"Não vim cá para falar do passado, mas sim do futuro", pois "o objetivo da geminação entre as nossas duas cidades é realizar um mundo de paz", declarou o presidente da Câmara Municipal de Nagasaki, Tomihisa Taue, na sessão solene que antecedeu a inauguração, ao final da tarde de ontem, reafirmando "os laços de amizade e cooperação" entre os dois municípios.

Não obstante, "a exposição retrata algo de terrível, uma coisa em que nós todos temos de nos empenhar para que não se repita", afirmou o anfitrião, Rui Moreira, declarando que ela constitui por isso também uma declaração política de compromissos. De resto, "a geminação é em si um ato de paz entre povos distantes porque representa um esforço para nos conhecermos melhor", o que "implica a partilha dos melhores e dos piores momentos", ajudando a evitar acontecimentos terríveis como os registados no século XX.

Nesse sentido, "Bomba Atómica - Hiroxima e Nagasaki" vai receber dezenas de estudantes para lhes ensinar o que representou o lançamento das bombas atómicas no Japão, bem como os efeitos mundiais dos testes realizados por apenas alguns países e, portanto, os perigos da proliferação nuclear.

Alias, a exposição é da responsabilidade do museu Nagasaki National Peace Memorial Hall for the Atomic Bomb Victims, cuja vice-presidente, Mika Matsuo, lembrou que este foi criado para homenagear quem sofreu e ainda sofre com aquele bombardeamento de há mais de 70 anos, mas também para lutar pela paz.

Tecendo fortes elogios ao presidente da Câmara do Porto por receber esta exposição, Mika Matsuo sublinhou que "Nagasaki tem profunda admiração e amizade pela cidade do Porto". E,
numa declaração que seria reiterada pelo embaixador do Japão em Portugal, Jun Niimi, reafirmou os "desejos de saúde e desenvolvimento" aos portuenses. 

Com a tradicional cordialidade japonesa, a cidade de Nagasaki tem enviado regularmente delegações ao Porto, por ocasião dos aniversários desta geminação, e Rui Moreira fez votos para que "todos se sintam aqui em casa", mas declarou também querer que "todos quantos visitem esta exposição se sintam cidadãos de Nagasaki" e participem na construção de ligações ainda maiores entre as duas cidades e sigam os objetivos que norteiam a exposição.

"Bomba Atómica - Hiroxima e Nagasaki", que tem entrada livre e pode ser visitada de segunda a sexta-feira entre as 9 e as 17 horas (até 30 de novembro), é composta por painéis fotográficos, relatos escritos de sobreviventes dos bombardeamentos atómicos, relatos audiovisuais, uma maqueta exemplificativa do que é uma bomba atómica, objetos derretidos ou que evidenciam os efeitos provocados por estarem num raio de poucos metros do epicentro da explosão. Contém ainda mensagens pela paz e grous de papel, elemento feito em dobragem de papel que é praticado como manifestação de esperança na realização de desejos e que foi adotado pelas cidades de Nagasaki e Hiroxima, onde grinaldas de 1 000 grous desses simbolizam as preces pela paz.