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Ana Luísa Amaral ensina a gostar (mais) de Sophia

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Mais de centena e meia de "alunos" de todas as idades encheram hoje o Salão Independente da Feira do Livro do Porto para escutar a poeta e docente Ana Luísa Amaral falar sobre Sophia de Mello Breyner Andresen.

Na terceira das lições que Anabela Mota Ribeiro programou para esta edição, a decorrer nos Jardins do Palácio de Cristal, a poeta homenageada voltou a estar no centro das atenções (e foram muitas) pela voz de uma especialista na sua obra. Mas Ana Luísa Amaral esclareceu previamente que não se tratava de "uma lição no sentido pesado" do termo, antes de dar conta do que é "a minha Sophia e a minha perspetiva sobre a poesia de Sophia". E começou pelo primeiro poema do primeiro livro de poesia, que Sophia publicou em 1944, evocando várias outras fases da sua obra para afirmar que "Sophia faz parte desses poetas que atravessaram gerações", destacando na comparação Florbela Espanca e Irene Lisboa.

Ana Luísa Amaral fez referência as muitos outros poetas que escreveram sobre Sophia de Mello Breyner, para evidenciar a influência desta e o seu importante papel na poesia que - citando a homenageada - "é consubstancial à vida".

A oradora frisou ainda que Sophia "é uma das vozes maiores da nossa poesia da segunda metade do século XX, que criou uma linguagem e uma voz próprias", e planou sobre a diversidade da obra poética em apreço para, mais do que uma aula, ajudar a assistência a entender, interpretar e interiorizar a poesia de Sophia. Sublinhou igualmente a intervenção política, tanto na Assembleia Constituinte como no campo puramente cultural, e parafraseou Sophia enquanto deputada ao defender que "a poesia [a arte] não existe para enfeitar a vida, mas sim para a transformar".

Se a própria Ana Luísa Amaral conseguiu isso mesmo - transformar a vida de quem assistiu a esta lição - o mesmo objetivo é perseguido por grande parte do programa educativo que tanta procura está a suscitar nesta Feira do Livro. Foi o caso do debate que se seguiu nesta tarde e que reuniu Tatiana Salem Levy, Dulce Maria Cardoso e Raquel Marinho em torno da pertinente questão "A Literatura pode salvar o Mundo?". Assim aconteceu também com o encontro em que Mónica Baldaque, Isabel Pires de Lima e Ana Paula Coutinho falaram de diversos aspetos da obra de Agustina Bessa-Luís e avaliaram da sua atualidade.

Com o fim de tarde voltado para António Nobre e o 150.º aniversário do seu nascimento, numa sessão incluída no ciclo municipal Um Objeto e seus Discursos por Semana (o objeto de pretexto para a conversa foi um dos cachimbos da coleção do poeta), a noite de hoje porá a tónica em Clarice Lispector. "Que mistérios tem Clarice?" é o mote da sessão de spoken word, com início marcado para as 21,30 horas, que evocará os 40 anos da morte da autora brasileira de culto e porá em diálogo a literatura, as artes plásticas, a música e a performance.

Além dos 130 pavilhões com enorme variedade de livros e publicações, vários outros debates e sessões de spoken word, exposições, lições, cinema, colóquios, teatro e encontros, assim como inúmeras atividades de animação para todas as idades, preenchem o vasto programa gratuito da Feira do Livro, que se prolonga até 17 de setembro e que pode ser consultado aqui e acompanhado pelo facebook.

Pode ainda saber as listas dos Livros do Dia e em que altura os seus autores preferidos vão dar Sessões de Autógrafos.