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A maior competição de programação informática reúne no Porto grandes cérebros de todo o mundo

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Programadores da Síria, Irão, Rússia, China, Japão, Coreia do Norte, Coreia do Sul, Índia, Vietname, Egipto, Israel e de tantas outras dezenas de países, mais ou menos improváveis, estão na cidade a disputar a final do ICPC - International Collegiate Programming Contest. A competição, com origem no estado norte-americano do Texas há 43 anos, realiza-se pela primeira vez em Portugal e escolheu o Porto como cidade anfitriã.

A cerimónia de receção oficial decorreu na Casa da Música, na tarde desta terça-feira, e contou com a participação de Rui Moreira. Dispensando o discurso que havia sido preparado para a ocasião, o presidente da Câmara do Porto optou pelo improviso para saudar uma Sala Suggia repleta não só pelos 400 finalistas que vão competir na última etapa do ICPC, mas também por toda a entourage que os acompanha nesta semana intensiva: professores, organização e voluntários.

"Sabemos que só uma equipa será campeã no final, mas na verdade são todos campeões", confortou o autarca. E, salientando que estão no Porto "os futuros líderes" mundiais nas áreas da tecnologia e da informática, lançou um repto:

"Regressem. Venham com mais tempo e tragam a família. Queremos encorajar-vos a conhecer melhor o Porto como uma oportunidade futura, quem sabe, para desenvolverem os vossos negócios", afirmou o autarca, desejando a todos "uma estadia memorável na cidade", que é "confortável, interessante e segura".

Nesta autêntica Torre de Babel que 'invadiu' o Porto, os programadores da China, Estados Unidos da América, Rússia e Índia estão em maioria. Aquela que é considerada a maior, mais antiga e mais prestigiante competição mundial universitária na área da programação é também, nas palavras de Bill Poucher, diretor executivo e presidente da Fundação ICPC, "uma competição que, de ano para ano, está em franco crescimento".

No palco da Casa da Música tirou literalmente o chapéu texano, que o evidenciava, para agradecer "o envolvimento da Universidade do Porto e da Câmara do Porto" na organização do evento. Sob o lema "we are problem solvers" [somos solucionadores de problemas], teceu ainda elogios à hospitalidade da cidade, ao seu património histórico, arquitetónico e cultural.

Num discurso mais enfatizado, Jeff Donahoo, diretor executivo da ICPC para as competições internacionais, salientou a "perseverança e espírito de sacrifício" dos portuenses, características que associa a esta competição. Fazendo questão de evidenciar o conhecimento que tem sobre a Invicta, concluiu que a escolha para a realização da edição deste ano não poderia ter sido mais acertada. "O Porto é e sempre foi cidade de excelência", enalteceu. 

Uma menção que os mentores do evento quiseram eternizar, atribuindo ao Município a distinção de "Oustanding International Contribution Award", recebida pelas mãos de Filipe Araújo, vice-presidente da Câmara do Porto e vereador com o Pelouro da Inovação e Ambiente. 

António Sousa Pereira, reitor da Universidade do Porto, referiu que era um orgulho receber "a mais antiga e maior competição de programadores do mundo" e desafiou os presentes a conhecer, durante estes dias, a U.Porto.

Antes, o vice-reitor Fernando Silva lembrou que "o evento começou a ser pensado em 2011", ainda era reitor José Marques dos Santos (atual Provedor do Munícipe) e que continuou a ser pensado e trabalhado durante o mandato do ex-reitor, Sebastião Feyo de Azevedo.

Em representação do Governo, o secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, João Sobrinho Teixeira, afirmou que oportunidades como esta são também muito boas para Portugal mostrar os progressos que tem feito no ensino universitário. Por isso, até desafiou os participantes a virem estudar "para as nossas universidades".

Nesta quinta-feira, disputa-se a final da ICPC na Alfândega do Porto. Durante seis horas, as 135 equipas participantes - com três elementos cada - vão ter de resolver 10 problemas de programação, sendo que aquela que conseguir o melhor resultado sagra-se campeã mundial.

Pela primeira vez, a competição tem na final uma equipa portuguesa que, por coincidência, é do Porto. Constituído pelos alunos Gonçalo Paredes, Ricardo Pereira e Alberto Pacheco e treinada pelo Prof. Pedro Ribeiro, da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, o grupo conquistou o direito a competir nestas finais mundiais quando arrebatou a medalha de bronze num importante concurso de programação, em Paris.